O professor "amigo" do álcool

O professor “amigo” do álcool

Tinha cerca de quarenta anos. Era um inglês simpático e até se esforçava por ensinar bem. Não seria um professor excelente, mas os alunos gostavam dele. Só que se notava nele, no seu comportamento, que tentava encobrir qualquer coisa. Era contido em tudo o que fazia, parecia pouco natural no modo como tentava ser “bom professor”.
Um dia achámos estranho não o encontrar na escola, porque a recepcionista disse que o tinha visto entrar mas não o ouvira sair. Fechámos o IF e fomos almoçar. À tarde a recepcionista estava a arrumar uma sala de aula e deu um grito: ao fundo da sala, deitado no chão, o professor dormia profundamente. Acordámo-lo e, estremunhado, saiu da sala com ar estranho.
Passado algum tempo surgiu um mistério no IF: o álcool que usávamos para limpar os quadros anda a “evaporar-se” muito rapidamente. Os frascos duravam dias, apenas. Foram os alunos que descobriram: espreitaram pela porta da sala entreaberta e viram o professor a beber álcool directamente do frasco. Investigámos: o professor tinha sido alcoólico e, quando concorreu para dar aulas em Portugal, estaria em tratamento de desintoxicação.
Lá se foi aguentando até final do ano lectivo, mas nunca mais deixámos os frascos de álcool à vista. Não lhe renovámos o contrato e ele voltou para Inglaterra. Pelas notícias que nos chegaram mais tarde, parece que acabou por ter um fim triste. Porque nunca conseguiu vencer a dependência que tinha do álcool.

 

 

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