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Blog específico sobre ensino e aprendizagem de inglês

Há alguma idade ideal para se começar a aprender inglês?

Uma língua serve para comunicar e é aprendida de modo natural o mais cedo possível. Na aprendizagem de uma segunda língua, temos de considerar dois casos:
a) quando a segunda língua é aprendida ao mesmo tempo que outra (por exemplo, os filhos de emigrantes ou crianças que frequentam colégios vocacionados para esse tipo de ensino, ensinando uma segunda língua em ‘imersão total’);
b) quando se tenta aprender uma segunda língua uns anos mais tarde, quando a língua materna já está consolidada.

No primeiro caso, não há dúvida de que a criança acaba por dominar as duas línguas de forma natural, com tal facilidade que nos espanta. No segundo caso, a opinião dos especialistas diverge, não havendo uma idade consensual, embora prevaleça a ideia de que ‘quanto mais cedo, melhor’. Os estudos provam que o cérebro de uma criança absorve uma segunda língua como uma esponja até cerca dos 12/13 anos (depende, claro). Depois dessa idade a janela começa a fechar-se.
Quando se tenta ensinar uma criança uma segunda língua (neste caso, inglês) e o tempo de ensino é limitado (uma/duas aulas por semana), num ambiente não natural (sala de aula) é preciso usar de certos mecanismos de apoio para auxiliar a tarefa dos professores.
Como a maioria das crianças portuguesas tem inglês apenas uma ou duas vezes por semana, a aprendizagem deve ser muito planificada, as aulas dadas por professores especializados e experientes, com revisões sistemáticas seguindo uma progressão lenta mas segura. Como não é possível o apoio escrito, claro que todo o ensino é baseado na oralidade, nomeadamente na comunicação do dia-a-dia. Ou seja: não há idade consensual, uma vez que depende das condições de aprendizagem.
No IF temos turmas a partir dos três anos e temos tido bons resultados. A partir dessa idade começa a ser fácil a motivação e consegue-se um ambiente de uma disciplina mínima que permita a aprendizagem.

O ensino de inglês a crianças pequenas tem de ser à base de canções e jogos?

Uma criança pequena está na idade de brincar, é normal que o ensino de inglês tenha de se adaptar à sua condição de criança. A criança participa e é motivada através da vista, do som, do gosto, do toque e da acção. Canções, rimas, jogos, são um apoio precioso.
No entanto há uma aprendizagem de que não se notam resultados imediatos mas que deve ser feita, de forma insistente e repetitiva. Trata-se da linguagem necessária na comunicação básica. Durante muito tempo é normal o professor falar em inglês e a criança responder em português. Mas mais tarde isso altera-se, e a criança começa a usar a língua inglesa naturalmente. É uma questão de persistência e… paciência.
Cuidado: quase sempre as canções e os jogos devem ser um meio e não um fim. Os pais podem até bater palmas sempre que o filho chega a casa com uma nova canção, mas não devem esquecer que o inglês serve para comunicar… falando.

O meu filho só aprendeu a contar até dez e o primo, da mesma idade, já conta até cem. Será que o meu filho não está a aprender como devia?

A aprendizagem de uma segunda língua não deve ser contabilizada pelo número de palavras. A competição entre crianças (infelizmente por vezes alimentada pelos pais) acaba por ser prejudicial para a aprendizagem, pois os professores defendem-se ensinando a pensar mais nos pais e menos nas crianças. Listagens de palavras soltas podem significar capacidade de memorização e não necessariamente facilidade em comunicar.
É pena se os pais se esqueçam de como ensinaram os seus próprios filhos a falar…

Os testes, a avaliação, não podem traumatizar as crianças pequenas?

Nós achamos que não. A avaliação por vezes é mais para aferir a aprendizagem (ou seja, para o professor verificar se determinada matéria ficou sabida) do que que para atribuir uma classificação. São raros os casos em que as crianças detestam que se faça a avaliação, a maioria até gosta. Claro que tem de haver bom senso em todo esse processo. Pode-se usar um resultado para motivar um aluno, depende como é apresentado.
No IF avaliamos as crianças desde o primeiro ano de aprendizagem, sem qualquer problema. Experimentámos até gravar entrevistas individuais ao longo de alguns anos, para podermos comparar a evolução de cada aluno na compreensão oral, fluência e pronúncia. Os resultados foram impressionantes.

Muitas vezes as crianças pequenas fazem muito barulho. Como se consegue ensinar inglês se elas não prestam atenção?

Compete ao professor planificar uma aula tendo em conta o comportamento característico das crianças. Sabemos que têm um período de concentração muito curto, por isso a aula não deve seguir em linha recta, tem de ser dividida em várias tarefas muito diferenciadas. Temos de alternar momentos de prática oral, de audição, de repetição, de concentração, de actividades que lhes esmoreçam o entusiasmo, etc. Claro que muitas vezes pode haver barulho, mas tem de ser controlado. É quase sempre chamado de barulho produtivo (productive noise) pois é aproveitado para praticar (drilling) determinada matéria de forma diferente.

Qualquer pessoa que saiba inglês pode ensinar inglês?

Não, não basta saber inglês, é preciso saber ensinar inglês a crianças. E não é uma tarefa fácil, pois é preciso aprender a ensinar e de preferência ter alguma prática de ensino a crianças. Claro que ensinar a contar, a dizer as cores ou palavras soltas, é relativamente fácil, até os pais podem fazer isso. Mas ensinar a falar uma segunda língua, sequenciada ao longo de alguns anos, isso já é para um profissional. É importante que o professor seja simpático e que a criança goste dele, mas isso pode não bastar. A orientação pedagógica tem de ser entregue a um especialista. A nível internacional, chama-se “TEFL for Young Learners”.
Disse um organismo oficial ligado à Educação que, no que respeita a crianças pequenas, é melhor não ensinar uma segunda língua do que ensinar mal. Para além de não sentirem que estão a evoluir na aprendizagem, os pequenos alunos acabam por desmotivar e ganhar uma certa aversão mais tarde. Andar no inglês porque os outros meninos também andam, sem perguntar quem ensina, o que se ensina e como se ensina pode trazer consequências negativas mais tarde.
Dizer-se que num infantário ‘há inglês’ dá prestígio mas é demasiado vago. E o mal é quando os pais inscrevem um filho nas aulas de inglês de olhos fechados, perguntando apenas quanto se paga a mais por mês…

 

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